testemunho vivo do património cinematográfico
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Escola de Verão | Curso #02|2021

Centro Luís Krus | FCSH NOVA

2.º Curso de Verão 2021 |De 23 Agosto a 4 Setembro

METODOLOGIA DA HISTÓRIA ORAL
Como construir um projeto de memória audiovisual.

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HORÁRIOS

Dias 23, 24, 25, 26, 27 e 30 de agosto das 17h30 às 20h00
Dias 31 de agosto, 1, 2, 3 e 4 de setembro das 18h00 às 20h00

OUTRAS INFORMAÇÕES

Duração: 25h 
Morada: NOVA FCSH
Área: História Património e Cultura
Docente responsável: Pedro Aires Oliveira
Docente: Raquel Paulo Rato 
Acreditação pelo CCPFC: Não

OBJETIVOS

  • a) A História Oral como metodologia;

  • b) Destacar a importância da preservação da memória oral;

  • c) Qual a função dos testemunhos orais;

  • d) Como entrevistar um testemunho;

  • e) As várias fases e tipo de entrevistas: pesquisa em arquivos, primeiro encontro com o testemunho, criação do guião, entrevista, transcrição textual/ montagem audiovisual;

  • f) Traçar as principais linhas de orientação para a construção de um projeto de História Oral Audiovisual;

  • g) A relação da História Oral com o Cinema documental;

PROGRAMA

O curso irá incluir exposição de matéria, serão visionados excertos de documentários, com análise teórico/prática, seguidos de discussão coletiva. Apresentar-se-ão entrevistas a partir do projeto Palavras em Movimento: Testemunho vivo do Património Cinematográfico, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian 2019. O objectivo principal do projeto foi a criação e a partilha de uma plataforma digital que alberga as memórias dos testemunhos do cinema português das décadas 1960-1980. Em Palavrasemovimento, não se pretendeu substituir a História escrita, mas sim revelar vivências pelos testemunhos, isto é, toda uma série de realidades que raramente aparecem nos documentos escritos e complementar o saber já existente contribuindo para a valorização do cinema e seus autores.

Vivemos numa era de revolução digital onde a produção e partilha de conhecimento é muito veloz, sendo importante trabalhar o seu armazenamento. A História Oral não é um fim em si mesma, mas é um meio para o conhecimento e a sua metodologia poderá ser adaptável a outro tipo de investigação científica, caso seja justificável. No curso dar-se-ão exemplos de documentários, explicando a seu metodologia correlacionada com a metodologia de História Oral. Aqui, abordaremos teorias/ trabalhos audiovisuais de documentaristas como: Jean Rouch; Bill Nicholls; Eduardo Coutinho. A História Oral desenvolveu-se no decorrer do século XX, mais especificamente nos Estados Unidos: grupos de historiadores constituíram as suas próprias instituições, lançando revistas e realizando vários seminários. O método desenvolveu-se mais amplamente a partir do aparecimento do gravador (cassete) ainda nos anos de 1950, nos Estados Unidos, difundindo-se também pela Europa. Noutros países, a História Oral não possuía o mesmo impulso que nos Estados Unidos nos anos de 1950, utilizada com o intuito de somente reunir materiais para os futuros historiadores. Na América Latina há um desenvolvimento em áreas como a história política e a antropologia, por volta da década de 1970. “(…) Alessandro Portelli é um dos rostos internacionais, o seu interesse inicial no trabalho com fontes orais fez-se por via dos movimentos sociais e do activismo cultural – inscrito, em boa medida, na referida tarefa de «dar voz» aos silenciados – e a sua inserção académica foi desde sempre num domínio paralelo, o da Literatura Norte-Americana.” (CARDINA, 2013:10).

A década de 1990 marcou a quarta geração, em que os historiadores passaram a compreender a importância da história do tempo presente, para a qual as fontes orais são essenciais, estruturandose uma metodologia e uma organização teórica dentro do que passou a chamar-se História Oral. “(…) Quer a consideremos como uma especialidade dentro do campo histórico ou como uma técnica específica de investigação contemporânea ao serviço de várias disciplinas, é um produto do séc. XX que enriqueceu substancialmente o conhecimento da História Contemporânea (…)”(POZZI, 2017: 5).

BIBLIOGRAFIA

  • JOUTARD Philippe, História oral: balanço da metodologia e da produção nos últimos 25 anos. In: FERREIRA, Marieta de Moraes; AMADO, Janaina (Orgs.). Usos & abusos da história oral. 8. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006, p. 43-62.

  • COSMOLLI Jean-Louis, VER E PODER, A inocência perdida: Cinema, Televisão, Ficção, Documentário. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2008.

  • NICHOLS Bill, Introdução ao Documentário. Campinas: Papirus, 2005.

  • PORTELLI Alessandro, A morte de Luigi Transtulli e outros ensaios. Edições Unipop, 2013.

  • THOMPSOM Paul, A voz do passado: história oral. Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1992.

PRÉ REQUISITOS

  • A docente enviará eletronicamente os livros em pdf com alguns capítulos selecionados para lerem.

Consultar o sítio do projeto: https://www.palavrasemovimento.com 

DOCENTE

Raquel Paulo Rato, é realizadora e investigadora do IHC- FCSH NOVA. Licenciada em Cinema – Ramo de Realização, em 2007 termina um mestrado na Universidade de Salamanca em Audiovisual e Publicidade. Doutorada em Cinéma et Audiovisuel pela Universidade de Paris 3 Sorbonne Nouvelle 2013, com especialidade na direcção de fotografia cinematográfica.
Autora do livro: La Lumière dans le Cinéma: L’œuvre d’Acácio de Almeida comme directeur de la photographie. Em Paris realizou vários master class na sua área com alguns directores de fotografia, nomeadamente com: Éric Gautier; Michael Ballhaus; Renato Berta.
Desde 2014 exerce investigação no domínio da História Oral Audiovisual - do Cinema Português.
Em 2019 obteve apoio da Fundação Calouste Gulbenkian no âmbito dos estudos avançados no domínio da Língua e Cultura Portuguesas com o projeto Palavras em Movimento: Testemunho Vivo do Património Cinematográfico, do qual é coordenadora científica.
Sítio de projeto: www.palavrasemovimento.com.

 

Testemunhos
dos participantes do 1º curso

“Como docente e investigador na área das artes considerei o curso “Metodologia da História Oral - como construir um projeto de memória audiovisual”, dinamizado pela Raquel Rato, extremamente relevante pela abordagem pedagógica suportada pela análise e discussão de projetos de história oral, devidamente enquadrados por uma fundamentação epistémica e metodológica. Um curso igualmente útil para profissionais do setor audiovisual que podem encontrar na “história da memória oral” um método não só de pesquisa, mas também de suporte ao processo criativo. Muito interessante!” Aldo Passarinho, Doutorando na Universidade de Barcelona | Docente de Artes no Instituto Politécnico de Beja.

 “A experiência de participar no curso de Metodologia de História Oral  foi muito enriquecedora, nomeadamente para uma pessoa da área das ciências naturais. Os conceitos adquiridos foram muito úteis para aplicação futura, nomeadamente na utilização da História Oral como ferramenta de recolha de dados e comunicação de ciência. Foi uma excelente experiência e grande descoberta.” Daniela Rato, Aluna de Mestrado em Comunicação de Ciência da FCSH.

“O curso de verão Metodologia da História Oral dotou os discentes de ferramentas para o estudo e prática da História Oral. Sendo uma área, sob o ponto de vista formativo, ainda pouco explorada no nosso país, foi uma experiência enriquecedora fazer parte da primeira edição deste curso. Recursos de como construir um projeto de História Oral, entrevistar um testemunho e tratar os dados recolhidos ser-me-ão de grande utilidade enquanto investigadora. Curso pertinente, objetivo, multifacetado: corresponde aos objetivos a que se propõe. É de salutar ainda a opção pelo regime não-presencial, que permitiu a participação de pessoas um pouco por todo o país. Recomenda-se a existência de iniciativas afins no âmbito desta temática.” Joana Isabel Duarte, CITCEM.

“O curso de verão correspondeu totalmente às minhas expectativas. Como funcionária pública, amante da 7 ª arte e realizadora, tive oportunidade de aprimorar as técnicas da recolha da memória oral em audiovisual. As aulas foram sempre muito dinâmicas, com visualização de filmes, partilha de documentos e informações importantes. A relação entre os formandos e a formadora Raquel Rato foi maravilhosa! É preciso ter muito treino para lidar com um grupo tão heterogéneo e ao mesmo tempo distante fisicamente.” Tânia Prates, Técnica Superior na Câmara Municipal de Coruche e realizadora.

“Participar no curso 'Metodologia da História Oral: como construir um projeto de memória audiovisual' inserido no programa da Escola de Verão do Centro Luís Krus, da FCSH foi, sem dúvida, enriquecedor no âmbito do trabalho que estou a desenvolver, assim como o será em futuros projetos que espero vir a trabalhar, na área do Documentário. Estando a História Oral intimamente ligada ao Filme Documentário, neste curso tive oportunidade de ver trabalhos que desconhecia, assim como, rever outros numa perspetiva, por vezes, diferente da que estava habituada. É de salientar que, tendo este curso vindo ao encontro dos meus objetivos, a Professora Raquel Rato foi sempre atenta às especificidades de cada projeto que cada aluno trazia, contribuindo objetivamente para o seu desenvolvimento. Relativamente ao meu projeto, posso afirmar que saiu deste curso bastante mais alicerçado e consistente no que respeita à forma de trabalhar o testemunho oral, no contexto do documentário. Foi uma ótima experiência.” Vanessa Pimentel