Workshop de História Oral 2019
Workshop organizado no âmbito das atividades do projeto “Palavras em Movimento: Testemunho Vivo do Património Cinematográfico“, coordenado por Raquel Rato, com apoio financeiro do IHC FCSH - NOVA.
Tema
O curso visa aprofundar um interesse pelo documentário e filme etnográfico nas perspetivas da recolha e da História Oral, do trabalho nas áreas da museologia, nas áreas artísticas e na vertente académica, da pesquisa etnográfica e histórica. As narrativas constituem-se como uma área de investigação que neste curso assume grande aplicabilidade prática ao alcançar uma vertente oficinal na qual os formandos poderão criar conteúdos da sua área de interesses. Esta formação irá tratar da escrita e planeamento de um projeto visual baseado na história oral, assim como das técnicas de investigação para a conceção de narrativas, a partir de exemplos práticos e de projetos realizados e terminados e a partir de ideias trazidas pelos participantes destas sessões. Tendo em conta o visionamento de excertos de filmes – em especial de realizadores como Eduardo Coutinho, Heddy Honnigmann, Nicholas Philibert, entre outros – assim como a apresentação de projetos e guiões, serão fornecidas e discutidas pistas para avançar para um projeto escrito, a partir de estratégias de produção nacionais ou internacionais. Serão ainda discutidos os vários dispositivos cinematográficos envolvidos na recolha de testemunhos orais, com vista ao planeamento e realização de entrevistas, registo de conversas, recolha de arquivos pessoais e coletivos. Este workshop, com uma vertente prática e de discussão, faz uma incursão no filme etnográfico e no documentário, abrindo perspetivas para a sua realização. As aulas serão sempre acompanhadas de visionamento de filmes, tomando a forma de seminários com discussão dos temas fundamentais tanto práticos como teóricos: estilos cinematográficos, linguagem e ética. Ao longo das sessões, cada participante desenvolverá o seu projeto, que pode estar em curso ou ser iniciado no âmbito desta formação.
Objectivos
Estimular a aprendizagem do olhar e da relativização metodológica a propósito de diferentes estratégias e dispositivos cinematográficos presentes no cinema documental criativo, em especial aquele que trata a História Oral.
Destacar questões ligadas aos conceitos de evidência, arquivo, verdade, éticas e políticas da visibilidade no Documentário ensaístico e artístico.
Programa
A formação inclui exposição de matéria e apresentação de excertos de filmes, analisados pela formadora, Catarina Alves da Costa, seguidos de discussão coletiva. As aulas terão a forma de seminário, permitindo a troca de reflexões em torno das matérias do programa.
Génese e desenvolvimento da ideia de Evidência: a veia documental do cinema de viagens e etnográfico, do filme experimental, do documentário sociológico, do cinema autobiográfico, da etnoficção e do trabalho com arquivos visuais e sonoros.
Linguagem no documentário contemporâneo: análise de discursos e discussão da práxis e dos dispositivos de realização cinematográfica.
Documentário de autor, limites e possibilidades.
Estratégias possíveis: o poético, o imersivo, o diarístico, o arquivo.
Usos do discurso: observacional, usos da entrevista, comentário em off.
Narrativas visuais: discussão sobre a questão da palavra, do testemunho oral e da recolha de informação a partir de registos em vídeo e som.
Metodologias das ciências sociais usadas nas artes e no documentário.
O trabalho de pesquisa a partir de arquivos, literatura, arte e fotografia.
Escrita do guião da entrevista ou da recolha oral (motivação pessoal, tratamento, sinopse, guião).
Construção narrativa, descrição de cenas, estilo cinematográfico.
Formadora
Catarina Alves Costa (CRIA)
Antropóloga e realizadora. Licenciada em Antropologia Social pelo ISCTE. Mestrado em Antropologia Visual pelo Granada Centre for Visual Anthropology da Universidade de Manchester. Desde setembro de 2012, doutorada em Antropologia pela FCSH-UNL. Desde 1997, é docente no Departamento de Antropologia da FCSH da Universidade Nova de Lisboa, onde leciona nas áreas da antropologia visual e filme etnográfico. Coordena o Mestrado em Antropologia – Culturas Visuais. Entre 1994 e 2000 trabalhou no Museu Nacional de Etnologia. Realizou, entre outros filmes, “Senhora Aparecida” (1994), “Swagatam” (1998), “Mais Alma” (2000), “O Arquitecto e a Cidade Velha” (2004), “Nacional 206” (2009), “Falamos de António Campos” (2010), “Pedra e Cal” (2016).
Recebeu, entre outros, o 1º prémio do festival VII Rassegna Internazionale di Documentari Etnografici (1996), o prémio de excelência da Society for Visual Anthropology – American Anthropological Association Film Festival (EUA, 1996), o prémio “Planéte” no Bilan du Film Ethnographique (1999), e o prémio da crítica em Caminhos do Cinema Português (2009).
Bibliografia
Textos, excertos de:
BERREBI, Sophie, 2014, The Shape of Evidence. Contemporary Art and the Document. Ed. Valiz, Amsterdam
NICHOLS, Bill, 2016, Speaking Truths with Film. Evidence, Ethics, Politics in Documentary, University of California Press
ROSENTHAL, Alan (ed) / CORNER, John (ed), 2005, New Challenges for Documentary, Manchester, Manchester University Press
WINSTON, Brian, (et al.), 2017, The Act of Documenting. Documentary Film in the 21st Centur. Bloomsbury
Informações úteis
Datas e Horários: 3 e 4 de Outubro | Manhã: 9h30 – 13h00 | Tarde: 14h00 – 17h30
Periodo de Inscrição: Período de inscrição (vagas limitadas a 25 pessoas) de 26 de Julho a 13 de Setembro.
Email de inscrição: workshop.historia.oral@gmail.com
Taxa de Participação: 10 euros
Meio de Pagamento: O pagamento deve ser feito por transferência bancária e o comprovativo remetido por email para , com a indicação do NIF para emissão de factura.
NIB/IBAN: PT50 0781 0112 0000 0006 3998 0
BIC/SWIFT: IGCPPTPL
Testemunhos
dos participantes
“Em apenas dois dias, (re)aprendemos um pouco da história do documentário, (re)descobrimos a teoria e discutimos algumas questões práticas da produção de objetos fílmicos. São abordadas várias questões como, por exemplo: o texto visual e o texto escrito, a preparação antes de ir ao campo fazer recolhas, a ética nos testemunhos audiovisuais, a relação com colaboradores/entrevistados, a importância da montagem, o (re)uso dos arquivos e os vários usos do documentário. São projetados vários trechos de documentos audiovisuais no contexto da entrevista e do filme etnográfico. Os exemplos são contextualizados pela formadora e discutidos por todos em sala. Além disso, são partilhadas as motivações e as condições logísticas em que foram produzidos os trabalhos audiovisuais da formadora. Somos contagiados com o seu conhecimento e amor pelos usos do filme etnográfico. O workshop é uma grande oportunidade de reavivar o interesse pelo audiovisual como ferramenta para a recolha de história oral. Saímos do curso estimulados a incorporar esta e outras formas artísticas e académicas de apreender e comunicar nos nossos trabalhos de investigação.”
Mucio Sá, Investigador e músico da FCSH NOVA“Acerca do Workshop, penso que a heterogeneidade dos participantes é reveladora do interesse existente pela recolha oral nas suas vertentes científica e artística, através de abordagens e práticas tão diversas como as da Arqueologia e da História ou do jornalismo e do teatro.
Sendo claro que se tratou de um Workshop no âmbito da prática cinematográfica, para próximas edições sugiro apenas tentar aprofundar algumas das questões referidas no ponto b) dos Objectivos: os conceitos de evidência, arquivo, verdade e ética.”
Paulo Costa, investigador integrado do IHC FCSH NOVA“Como participante no workshop de história oral, inserido no projecto palavras em movimento, organizado pela Raquel Rato, tenho a agradecer a sua existência, disponibilidade e interesse. Sou professora e cineasta e tenho necessidade de estar sempre a aprender. Consequentemente, tenho a referir a atenta, diversificada e generosa orientação que Catarina Alves Costa imprimiu às sessões. Bem hajam.”
Fátima Ribeiro, Professora e cineasta na Escola Superior de Teatro e Cinema"O workshop palavras em movimento foi uma experiência interessante para conhecer outros investigadores que usam a história oral e a Prof. Catarina Alves Costa fez um workshop muito interessante sobre como o documentário pode usar os registos de história oral. Foi uma iniciativa que sugiro vir a tornar-se periódica de forma a que todos os anos se torne possível juntar pessoas com interesse na história oral com o objetivo de trocar experiências. Parabéns pela iniciativa"
Paulo Barbosa, Professor da Escola Superior de Comunicação Social“No workshop "Como entrevistar um testemunho", a professora Catarina Alves explorou muito bem as potencialidades e especificidades da realização de vídeo-documentários, ilustrando as maneiras de chegarmos a promover um encontro, de facto, com o entrevistado. Essa abordagem humanizada da entrevista, com todas as implicações técnicas, éticas e estéticas particulares, deriva, deixou-nos claro na partilha de sua experiência como realizadora de filmes, de uma postura aberta de escuta e de interesse pelo que o outro tem de mais valioso: sua história pessoal e sua visão de mundo.”
Nisia Rizzo, Professora da Universidade do Estado da Bahia | Brasil Group“O Workshop correspondeu a uma interessante e estimulante iniciativa formativa. Respondendo aos objetivos propostos, o evento caracterizou-se por uma formação que envolveu os participantes numa interlocução participada e guiada por uma formadora experiente e sensível, revelando de forma atenta e perspicaz as sutilezas de uma abordagem etnográfico-antropológica da oralidade, nomeadamente quando visualmente refletida. Que mais cursos afins e com igual qualidade sejam promovidos.”
Marluci Menezes, Antropóloga
Galeria de imagens do workshop
